Prova semana que vem, preguiça de estudar, não-necessidade de pegar o caderno.
Pensamentos, idéias, raivas, mágoas, rancores, felicidades, fantasias.
Tênis sujos, pé fodido, bolha estourada, pele descascando.
Cabelo podre, espinhas na cara, unha mal-feita.
Joelho roxo há duas semanas, casa em reformas, gente fumando por toda parte.
Discos velhos, sem dinheiro, com vontade de gastar.
Cupins caindo na cabeça, teto furado, móveis desgastados.
Violão com cordas velhas e desafinadas, guitarra empoeirando, falta de oportunidade pra tocar.
Vontade de parar de tocar na igreja, responsabilidades, obrigações, vontades, prazeres.
Shows em escassez, estelionatarismo com efeito, poucas saídas por falta de companhia.
Vontade de rodar o mundo sozinha, mas medo de me perder.
Menos de um mês pro aniversário, sem idéia do que fazer, mais de dois anos pra maioridade.
Sem alarmes.
Indiferença com quem pede pra sofrer, conselhos em vão, vontade de calar, vontade de explodir com tudo e com quase todos.
Vontades e vontades.
Livros inacabados, alguns não começados.
Desânimo pra aprender mais, cabular aula, desandar do meu comportamento natural.
Seminário de biologia, prova de OE, prova de inglês, prova de português.
Relógio que desperta às 5h20, mão que voa em cima do relógio pra ele parar e relógio que cai no chão e faz mais barulho ainda.
Gente que não entende, gente que entende, gente estranha, gente fedida, gente feia, gente de mau gosto.
Vontade de deixar de ser só, mas medo de ser mais só ainda.
Calças, blusas, tênis, mp3, cobrador curioso, motorista enxerido.
Pernilongos. Casal de pernilongos morto enquanto trepava.
Teatro, confusão, bagunça, respostas na ponta da língua.
Tenho que ouvir.
Amigos, ocupados, perdidos, achados, desesperados, normais.
Eu, doente, impaciente, frustrada, inconformada.
É a vida, meu amor. É a vida.

